Olhou para o relógio de parede da sala e viu que passavam quinze minutos das sete. Apenas mais cinco minutos desde a última vez que tinha olhado. Ainda faltavam duas horas para o encontro, mas um misto de ansiedade e excitação toldava‐lhe o pensamento e não permitia que pensasse em mais nada. O facto de saber que iam estar a sós fazia‐a sempre sentir‐se estranhamente estimulada, húmida, descontrolada.
Irritava‐a a falta de controlo sobre o próprio corpo quando se tratava de Max. Sentia espasmos no estômago, como pequenos socos de punho cerrado, só de pensar na forma como ele conseguia descaradamente despi‐la com o primeiro olhar.
Arrepiava‐se ao imaginar o calafrio discreto e interior que sentia cada vez que ele passava, ao de leve e apenas em jeito de cumprimento, as mãos largas pelos seus ombros.
Ficava extasiada ao relembrar o cheiro do perfume dele, que parecia dar ao seu corpo vontade própria como se um comando à distância estivesse decidido a provocaruma avalanche hormonal. Ele tinha sempre este efeito nela. E ela não podia deixar que ele percebesse.
Pensou que devia acalmar‐se antes de o reencontrar. Tinham passado muitos dias.
Sabia o que queria dizer e fazer, como se queria comportar. Mas não estava certa de que o seu corpo estivesse disposto a obedecer às suas ordens. Com Max, nunca estava. E isso era desconfortante e delicioso.
Num suspiro, deixou‐se tombar sobre o sofá. O corpo pesava‐lhe, ocioso, apesar de por dentro se sentir completamente em desatino. O estado oficial de desvario apoderava‐se de Viviane e os seus pensamentos sucumbiam ao desejo de se entregar, lascivamente, à luxúria.
Percebeu que o seu sexo latejava, os lábios inferiores avolumavam, os mamilos enrijeciam, a pele arrepiava. Tudo pela antecipação. O corpo implorava atenção. Era melhor acalmar-se se queria manter-se firme e resistir às primeiras investidas de Max.
Vestia uma túnica branca de linho, que apertava por baixo do peito com um fio do mesmo tecido. O corte mais esguio na cintura acentuava‐lhe as curvas e realçava a linha que descia até às coxas largas. Viviane era alta e qualquer peça facilmente lhe ficava demasiado curta. Era o caso da túnica que, com brandos movimentos, deixava ver a tanga borboleta de padrão florido em tons de rosa‐pálido e marfim. Preferia peças descontraídas quando o plano era passar o dia em casa a relaxar. E, nesse sábado, o plano tinha sido esse.
Desapertou o laço da túnica e despiu‐a vagarosamente. Parecia querer brincar consigo própria e prolongar indeterminadamente aquele momento de deleite e de volúpia.
A simples passagem do tecido pelo peito robusto e ereto fê‐la estremecer. Estava incrivelmente excitada.
Levou o dedo indicador da mão direita à boca, chupou‐o, lambeu-o lascivamente com a língua e cobriu-o de saliva. Levou o dedo molhado ao mamilo direito e, com a aju‐ da do polegar, beliscou‐o suavemente. Sentiu um arrepio espontâneo e percebeu como os seus seios estavam sensíveis.
Lembrou‐se da última vez que Max se tinha dedicado longamente a explorar as suas mamas, com uma devoção quase académica, e como tinha, nesse momento, descoberto uma nova fonte de prazer, totalmente por desbravar. Ele dominava a arte de inventar novas formas de a levar à loucura, mas tinha ainda o dom inigualável de despertar nela o desejo de se autodescobrir. Viviane tinha aprendido isso com ele. E, por isso, estar‐lhe‐ia eternamente grata.
A memória das mãos largas de Max a cobrir‐lhe os seios e da sua boca a invadi‐la despudoradamente acelerou‐lhe a pulsação. Conseguia ouvir as batidas do coração, enquanto aumentava também o vigor dos espasmos latejantes que se alastravam por todo o corpo. Agarrou vigorosamente cada um dos seios com as suas mãos e massajou‐os. Como Max habitualmente fazia, quase com raiva, nos momentos mais intensos. Sentiu imediatamente o efeito desse arremesso na vagina. Uma convulsão feroz obrigou‐a a fazer descer uma mão pelo ventre abaixo até sentir o líquido quente que explodia e já lhe escorria pelo interior da coxa. Usou-o como lubrificante para o seu dedo deslizar suavemente até ao clitóris. Estava fácil, impaciente, disponível.
Massajou‐se como numa missão de reconhecimento. Irrequietamente, os dedos entraram e encontraram a origem daqueles sulcos.
Se ele ali estivesse, dir‐lhe‐ia :
– Calma, goza o momento, ainda não.
Ouvia‐o nitidamente na sua cabeça mas, como sempre, gostava de desafiá-lo e seguir o caminho contrário.
E, para todos os efeitos, ele não estava ali, nunca iria saber.
Com movimentos enérgicos, fez os dedos entrar e sair, enquanto a outra mão acariciava o seio esquerdo. O ritmo aumentava e a força com que apertava a mama também. Nem se apercebia da quase violência daqueles gestos. Estava louca e só ia parar quando o corpo se saciasse. Queria um pénis. Queria o pénis dele!
A imagem veio‐lhe à mente e imediatamente os músculos da vagina se contraíram. Aquele pénis robusto, denso, pesado, era delicioso. E ela sabia‐o bem. Desejou poder voltar a prová‐lo naquela noite. E a ideia de que isso poderia acontecer deixou‐a no limiar do prazer. As mãos não paravam. Os dedos invadiam‐na compulsivamente. O líquido escorria impiedosamente. Ela não ia aguentar muito mais tempo.
Precisou de uns minutos para voltar a conseguir pensar. Estava sem forças. A sala cheirava a ela, ao seu odor mais íntimo, e imaginava que, se aparecesse ali alguém, o seu rosto a denunciaria de imediato.
Voltou a olhar para o relógio de parede. Eram quase oito. Estava na hora de se ir preparar.
Já não via Max há semanas e o mote deste jantar era um simples «pôr a conversa em dia». Mas ela desejava que fosse mais do que isso. Sabia que seria. Iriam iniciar com um cumprimento cordial e encetar uma conversa circunstancial, enquanto os olhos de ambos começavam uma dança menos decente.
O corpo normalmente antecipava‐se às palavras e denunciava o desejo de cada um. Obrigava‐os a deixar as banalidades e a dar início finalmente ao jogo verbal.
Até onde iriam era uma incógnita. Mas o melhor era estar preparada. Para tudo. Porque com Max, tudo parecia ser pouco.
Tinha escolhido um conjunto de lingerie sexy discreta, de tons preto e prata. Não denunciava descaradamente as suas intenções mais libertinas, mas conhecia o gosto de Max o suficiente para saber que a sua escolha não a deixaria ficar mal.
A tanga com muito pouco tecido, preta, tinha apenas um adorno rendilhado a prata no cós, que lhe dava um toque mais festivo. Uma tira fina rodeava-lhe as ancas e encontrava outra linha perpendicular que se via apenas ficar secreta no meio das nádegas soltas. Estavam livres para poderem ser agarradas, pele com pele, pelas mãos largas e grandes de Max.
O corte do soutien era discreto. Alças finas pretas, copas robustas e um leve efeito push‐up. Deixava‐lhe o peito apetecível. E fá-lo-ia sobressair sobre o decote quadrado do top justo preto que tinha escolhido para aquela noite. Acetinado, de licra, ficava coladinho ao corpo e dotava-a de uma silhueta elegante. Deixava a descoberto os ombros largos, resultado de anos consecutivos de natação, que Viviane adorava. E ficava bem com a saia eleita: acima do joelho, mas não demasiado curta, com riscas largas, alternando preto e branco, também justa, a contornar a maior parte da anca até cair num corte direito. Com os sapatos de salto alto fino, de verniz, pretos, estaria à altura dos desafios da noite.
Olhou para o espelho e viu que as maçãs do rosto ainda estavam vermelhas e os olhos extasiados. Percebeu que precisava de um duche rápido para sair do transe sexual em que se encontrava. Sair, para voltar a entrar, mais logo, pensou, com um suspiro.
Saiu do banho, passou demoradamente o creme pelo corpo, como se fosse imperdoável esquecer qualquer centímetro. Vestiu-se e observou o seu reflexo no espelho grande do quarto. Ainda estava descalça e já gostava do que via. Esperava não estar enganada sobre qual seria a reação de Max.
Maquilhou‐se com cores suaves em tons pastel. Passou o rímel preto para realçar as pestanas. Naquele momento, pensou que gostava de ter seguido o conselho de Marge e de Ingrid para colocar pestanas postiças. O efeito era interessante. Contemplou o rosto como se admiras‐se uma obra‐prima de um pintor famoso, escrutinando cada pormenor. Estava satisfeita. E estava na hora. Calçou‐se e saiu de casa.
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